Pó de estrelas

EU SEI TUDO SOBRE O PAI NATAL

EU SEI TUDO SOBRE O PAI NATAL

Os crescidos dizem
que o Pai Natal não existe.
Mas eu não acredito neles.
Então se o Pai Natal não existe,
quem é que traz os presentes todos os anos?
Os crescidos dizem
que ninguém consegue descer pela chaminé. Sobretudo com um saco tão grande às costas.
Mas eu sei que é possível.
O mais difícil é subir.
Os crescidos dizem
que o Pai Natal não tem tempo
para ler as cartas de todos os meninos.
Dizem que são tantas que nem se consegue contá-las.
Mas eu sei que ele as lê,
porque nunca se engana nos presentes.
Os crescidos dizem
que os trenós não podem voar pelos céus, nem aterram nos telhados das casas.
Mas eu digo que eles estão enganados,
porque são as renas que voam e não os trenós.
Os crescidos dizem
que o Pai Natal não pode estar em todas as lojas ao mesmo tempo.
Mas eu acho que isso é um disparate,
porque toda a gente sabe
que os Pais Natais das lojas são a fingir!
Os crescidos dizem
que o Pai Natal, se existisse,
nunca poderia entrar nas casas que não têm chaminé.
Mas eu acho que o importante não é a chaminé.
O que importa é a árvore de Natal.
Os crescidos dizem
que o Pai Natal nunca teria tempo
para embrulhar os presentes de todos os meninos.
Mas eu tenho a certeza
de que a Mãe Natal e os duendes lhe dão uma ajuda.
Os crescidos dizem
que é muito estranho
o Pai Natal nunca envelhecer.
Mas eu sei a verdade.
Ele envelhece mas, como tem barba e cabelos brancos, não se nota.
Os crescidos dizem
que, se o Pai Natal entrasse mesmo nas casas, já alguém o teria visto.
Mas um dia eu fiquei à espera dele, escondido debaixo dos cobertores.
Ouvi os seus passos, mas tive medo de ir ver.
Os crescidos dizem
que o Pai Natal nunca aparece. E que isso é só uma história que os pais contam aos filhos.
Mas eu acho que eles não estão a pensar muito bem.
Se não é ele, quem é que leva as cenouras
que eu lhe deixo ao pé da árvore de Natal para ele dar às renas?
Os crescidos dizem
que, ao passar pelos países quentes, que o Pai Natal teria demasiado calor com o seu casaco vermelho.
Mas eu acho que eles não têm razão,
porque à noite, no céu, faz sempre um bocadinho de frio.
Os crescidos dizem
que só os meninos pequenos acreditam no Pai Natal.
Mas eu sei que eles estão enganados.
Se o Pai Natal não existe,
por que razão estão sempre a falar dele?
Nathalie Delebarre

A Bruxa



A BRUXA

A Bruna  tinha os cabelos eriçados, duas verrugas no nariz e aquela mania de se vestir de preto. Além disso andava sempre de vassoura na mão, com a mania das limpezas. 
- És  bruxa ! És  bruxa ! És bruxa ! – troçavam os miúdos.
Pois, se parecia, alguma coisa havia de ganhar com isso. No dia 30 de Outubro, dia das Bruxas, arranjou-se mesmo a rigor e apresentou-se no concurso para Miss Bruxa. Claro que ganhou o primeiro prémio.
Foi para casa e, como estava desempregada, surgiu-lhe uma ideia. Escreveu numa tábua carunchosa, a tinta roxa:
Bruxa premiada dá consultas.
Faz descontos especiais no Dia das Bruxas.
Ora por lá passou  um rapaz que andava muito apoquentado. Bateu à porta, que se abriu, rangendo, e tropeçou em sete gatos.
- O que o traz por cá ? – perguntou Bruna.
- É o mau cheiro que tenho nos pés. Quando me aproximo, as pessoas fogem a toda a velocidade… Já procurei médicos, curandeiros, engoli comprimidos, enfiei supositórios, besuntei-me com pomadas mas nada me cura… 
- Pois então descalce-se - disse a “ bruxa”, apertando o nariz com uma mola da roupa.
E que viu ela ? Uns pés tão sujos, tão cheios de chulé  como não devia haver outros no mundo.
- Já lhe trato da saúde!
Pôs três barras de sabão a derreter dentro dum caldeirão, juntou  sumo de limão, flores de alecrim e obrigou o rapaz mergulhar nessa mistela as patorras imundas durante três horas. Depois, com a vassoura, raspou tão bem toda a porcaria que de lá saíram uns delicados pezinhos  brancos, sobre os quais verteu sete jarros de água do poço.
- Agora tem de continuar o tratamento em casa, todos os dias. Basta lavar à torneira, com sabonete! E compre sapatos novos, que os velhos estão contaminados.
Tornou-se famosa. À sua porta alinhavam-se bichas intermináveis de clientes.
Com o dinheiro do prémio e das consultas, tirou um curso de magia pela internet. Comprou um velho castelo assombrado, setenta vampiros para o guardarem, setenta corujas para lhe fornecerem ovos, setenta osgas para lhe cuidarem do jardim. 
- É bruxa! É  bruxa! É bruxa! – diziam, cada vez mais convictos, os miúdos.
Mas acham que ela se ralava?  Ria-se, feliz, e oferecia-lhes logo caramelos de baba de sapo. Era remédio santo para eles darem corda aos sapatinhos.

Luísa Ducla Soares

Picto Tradutor


Pictotraductor - aplicação web completamente livre que nos permite escrever com pictogramas, ou seja, escrever um texto, que depois vai ser traduzido em pictogramas. Pictotraductor é um projeto desenvolvido para facilitar a comunicação com pessoas que têm dificuldades com a expressão da linguagem oral e comunicar de forma mais eficiente através de fotos. 

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